Medicina do Viajante: confira sete dicas para férias mais seguras

1 fevereiro, 2024

Com a temporada de férias se aproximando, muitos brasileiros estão ansiosos para explorar novos destinos. No entanto, antes de fazer as malas, é crucial considerar não apenas os aspectos de lazer e entretenimento, mas também a saúde.

“Viajar para diferentes partes do mundo pode expor os turistas a condições de saúde diversas, desde doenças infectocontagiosas, como intoxicações alimentares, bacterianas, doenças virais e parasitárias, até desconfortos relacionados às condições climáticas, como calor, frio, altitude e profundidade extremos”, alerta Natanael Adiwardana, infectologista do Hospital São Luiz Itaim, da Rede D’Or.


Leia na íntegra: em.com.br/turismo/2023/12/6773608-medicina-do-viajante-confira-sete-dicas-para-ferias-mais-seguras.html

 

Esquistossomose pode afetar medula e causar sintomas neurológicos; entenda

19 julho, 2023

Publicação coletiva para o Viva Bem Uol (leia na íntegra: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2023/07/19/esquistossomose-medular.htm)


Popularmente conhecida no Brasil como "xistose", "barriga d'água" ou "doença dos caramujos", a esquistossomose é uma doença parasitária e tem ligação direta com o saneamento básico precário. Está diretamente ligada à presença dos moluscos transmissores da Schistosoma mansoni.

Considerada uma das formas mais perigosas da doença, a esquistossomose medular pode comprimir a medula, cone medular e cauda equina, causando sintomas neurológicos que são decorrentes dos ovos produzidos pelo parasita, que podem se alojar no cérebro, medula e nervos, causando uma intensa reação inflamatória que leva à lesão destas estruturas.

A medula é um tecido líquido que ocupa o interior dos ossos, é considerada a fábrica do sangue.


Os locais mais afetados são Oriente Médio, África Subsaariana, Caribe e Brasil. No Brasil, os locais de maior incidência no Brasil são as regiões Nordeste e Sudeste.

Estima-se que cerca de 1,5 milhão de pessoas vivem em áreas sob o risco de contrair a doença, sendo sua apresentação medular uma das formas mais raras, estimada em 2% dos casos no Brasil.

Fatores para contaminação:

  • Existência do caramujo transmissor
  • Contato com a água contaminada
  • Fazer tarefas domésticas em águas contaminadas, como lavar roupas
  • Morar em região onde há falta de saneamento básico
  • Morar em regiões onde não há água potável


Segundo o Ministério da Saúde, a transmissão da doença acontece quando o indivíduo infectado elimina os ovos do verme por meio das fezes humanas. Em contato com a água, os ovos liberam larvas que infectam os caramujos, hospedeiros intermediários que vivem nas águas doces. Após quatro semanas, as larvas abandonam o caramujo e ficam livres nas águas naturais. O ser humano adquire a doença pelo contato com essas águas, ao sofrer penetração ativa das larvas através da pele, normalmente na região dos pés e pernas. O parasita penetra na pele humana atingindo a corrente sanguínea, migrando para o fígado, intestino e outros órgãos.


Sintomas

Os primeiros sintomas a partir da infecção ocorrem em cerca de duas a seis semanas. O sintoma mais comum é a queimação e dor na região lombar com irradiação para as pernas. Com o tempo e evolução do quadro do paciente, pode apresentar perda de controle de urina e fezes, além da diminuição na força muscular ou, nos casos ainda mais avançados, a paralisia nas pernas.

Na esquistossomose medular, o início do quadro clínico pode variar de semanas até anos após o contato inicial do paciente com a água infectada, dificultando ainda mais o diagnóstico. É considerado um problema de saúde pública devido a severidade dos sintomas e sua evolução.


Diagnóstico e tratamento O diagnóstico é feito através de exames de fezes e de sangue que permitem diagnosticar a presença inicial do parasita. A ressonância magnética da medula espinhal vai demonstrar a lesão inflamatória. A cirurgia é indicada para pacientes com paraplegia aguda e, para os que apresentam piora clínica, a despeito do tratamento medicamentoso ou demora no diagnótico. Os procedimentos se limitam à descompressão, biópsia e liberação de raízes nervosas. Segundo os especialistas, cerca de 95% dos pacientes com esquistossomose medular que não recebem tratamento morrem ou não apresentam melhora clínica.


Mitos sobre a esquistossomose medular

1. Posso pegar esquistossomose medular tocando ou cuidando de quem teve esquistossomose.

A esquistossomose é adquirida pelo contato da pele com as larvas do Schistosoma, as cercárias, geralmente presente em ambientes com água e caramujos (no Brasil, são os do gênero Biomphalaria spp.). Tocar nas pessoas que tiveram ou têm esquistossomose não o coloca em risco de pegar a doença.

2. Somente pessoas que moram em áreas endêmicas estão sob risco de pegar a esquistossomose.

Viajantes comumente se aventuram em atrações naturais de lagos e riachos onde é possível haver a contaminação. Trabalhadores de águas como pescadores, agricultores e irrigadores também são esporadicamente designados a trabalhar em áreas de risco. Por isso é essencial observar se as águas são próprias para o banho e se não há caramujos por perto.

3. Qualquer caramujo pode transmitir a esquistossomose.

É necessário haver espécies específicas de caramujos (no Brasil o mais comum é o da espécie Biomphalaria spp.), que acabam servindo de hospedeiros intermediários para as larvas do Schistosoma sp —as cercárias. Outras espécies de caramujo não possuem relação com o parasita.

4. Por ser crônica, a esquistossomose medular só se manifesta em adultos.

Crianças também são acometidas pela doença. O tempo para a manifestação depende da quantidade de parasitas ingeridos e de ovos produzidos e alocados próximos ou na medula.

5. A esquistossomose medular é rápida de tratar.

Apesar do tratamento da esquistossomose medular ser inicialmente rápido, com medicações, frequentemente é preciso semanas de fisioterapia e reabilitação para recuperar algumas funções motoras e sensitivas —e a possibilidade de sequelas permanecerem é maior em casos em que não foi possível iniciar a terapia de forma precoce


Fontes: Ricardo Meirelles, chefe do Centro de Doenças da Coluna do Into (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia), no Rio de Janeiro; Diego Guedes, infectologista e médico responsável pelo ambulatório de medicina tropical da UPE (Universidade de Pernambuco), no Recife; Natanael Adiwardana, infectologista do Hospital São Luiz Itaim (SP) e fellowship em controle de infecções hospitalares pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas; Silvio Bertini, médico coordenador do controle de infecção do Hospital Japonês Santa Cruz, em São Paulo; Antonio Krieger, cirurgião ortopédico do Hospital São Marcelino Champagnat, em Curitiba; e Guilherme Rossani, especialista em neurocirurgia. Referências: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/e/esquistossomose.